Direito de Autor ou de
Empresário?
Considerações, Críticas e Alternativas ao
Sistema de Direito Autoral Contemporâneo
"Já
se tornou comum entre os diversos pesquisadores do direito autoral
(copyright) sentenciar o esgotamento
desse ramo do
direito.
Não
é para menos, pois, diante do cenário contemporâneo, somos forçados
a reconhecer que, ironicamente,
o atual modelo praticado não
beneficia a massa dos trabalhadores no campo das artes, o
interesse da coletividade e nem os países em desenvolvimento.
Dissemos
acima “ironicamente”, pois um dos principais
objetivos
atribuídos a esse ramo do direito – desde os idos da Revolução
Francesa até os dias atuais – seria, exatamente, o de
fomentar a cultura. Mais especificamente, o direito autoral se
configuraria num mecanismo de estímulo ao fazer artístico, assim
como de garantia de amplo acesso aos bens culturais pela coletividade.
Tais desideratos se dariam através de uma barganha entre
os interesses público e privado. Por um lado, o autor, durante
um período determinado, gozaria da possibilidade de explorar economicamente
seu trabalho artístico de forma exclusiva e,
por outro, após este lapso de tempo, a coletividade poderia utilizar
livremente a criação intelectual daquele.
Mas
tudo isso são só palavras... Como dissemos, no atual contexto, toda
essa “bela” construção teórica que acabamos de sinteticamente expor
permanece praticamente apenas num plano ideal. Apesar
disso, certo setor do mundo corporativo (indústrias culturais,
sobretudo) e diversos Governos de países centrais, persistem em
afirmar a importância de respeitarmos as normas de direito
autoral (copyright).
Devemos não apenas respeitar tais normas
(dizem-nos), mas torná-las cada vez mais rígidas.
Segundo
ainda pregam, todo esse fardo por nós (coletividade) suportado,
teria, ao final, uma causa nobilíssima: prestigiar a “máxima
dignidade do ato criativo”. Em suma, remunerar os autores/artistas
pelas suas notáveis contribuições para que, desse modo,
possam se sentir estimulados a continuar criando. Assim,
muitos de nós, tendo no pensamento aquelas personalidades paradigmáticas
do campo das artes ou mesmo o artista emergente
desprovido, embarcamos nesse discurso para, não raro,
terminarmos financiando a cultura empreendida por empresas como a Warner, Sony, etc. (...)" (trecho extraído da Apresentação do livro).
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